Melanoma do diagnóstico ao tratamento por António Santos

O melanoma, cuja incidência tem aumentado substancialmente nas duas últimas décadas, é responsável por mais de dois terços das mortes por cancro cutâneo. O tratamento nas suas fases mais precoces oferece a melhor oportunidade para a cura.

Destacam-se como factores de risco de melanoma: os fototipo baixos (pele e olhos claros, efélides), elevado número de nevos melanocíticos (> 100), a presença de nevos clinicamente atípicos, os nevos congénitos gigantes, a ocorrência de exposição solar excessiva intermitente (especialmente infância a adolescência) e a história pessoal de outros cancros cutâneos (carcinoma basocelular e/ou espinocelular).


O achado clínico de alarme mais importante para a detecção de um melanoma é a constatação de um sinal em mudança. O auto-exame e a observação médica de rotina constituem boas oportunidades de rastreio. Os indivíduos com elevado número de nevos, especialmente como acontece no síndrome dos nevos displásicos, poderão beneficiar com a realização de dermatoscopia digital computorizada regular para detecção de alterações névicas mais precoces.

O diagnóstico definitivo é histológico, devendo a informação fornecida pelo anatomopatologista incluir os parâmetros de prognóstico internacionalmente aceites como fundamentais para as atitudes de estadiamento e tratamento.
A abordagem básica no melanoma nos seus estádios mais precoces consiste, após anamnese cuidada e exame objectivo criterioso, na biopsia excisional para caracterização histológica, seguida de alargamento padronizado das margens com ou sem pesquisa de gânglio sentinela, consoante o Índice de Breslow e demais achados histológicos relevantes. Nos seus estadios mais avançados a escolha dos meios auxiliares de diagnóstico mais apropriados, a inclusão em protocolos de tratamento internacionais, o uso de quimioterapia e/ou  radioterapia terapêuticas ou paliativas devem ser realizados em centro multidisciplinares e decididos em consultas de grupo especializadas.

Após o diagnóstico, estadiamento e tratamento é fundamental o seguimento especializado periódico, não só pelo risco de recidiva e/ou metastização, como também pelo risco de ocorrência de outro melanoma de novo.

Mesmo considerando o advento de potenciais novos fármacos, ainda em investigação, devemos levar seriamente em conta as limitações das opções terapêuticas actuais para os estadios mais avançados. É portanto fundamental enfatizar a importância da prevenção primária (comportamentos face ao sol) e da detecção precoce no melanoma maligno.